“Um Homem pode ser destruído mas não derrotado”
Book Review do Livro "O Velho e o Mar" por Benedita Portugal.
Ernest
Miller Hemingway nasceu a 21 de Julho de 1899 em Oak Park, Ilinois e suicidou-se a 2 de Julho de 1961, aos 61 anos, em Ketchum.
Iniciou a sua carreira de escritor com apenas 17 anos e desde então que
continuou a escrever apesar de não ter sido a sua única ocupação. Hemingway, alistou-se
ao exército italiano na altura em que os Estados Unidos se juntaram á primeira
guerra mundial e foi colocado como motorista de veículos de emergência médica da
Cruz Vermelha. Assim que voltou aos Estados Unidos, passou a trabalhar como
repórter em vários jornais Canadianos e Americanos. Mais tarde, na época dos
anos 20, viveu em Paris onde redigiu o seu primeiro grande livro- “O Sol Nasce
Sempre”, 1926. Depois de viver em Paris, viajou ate Espanha onde foi correspondente
de guerra em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Após a Segunda
Guerra, decide “reformar-se” e instala-se definitivamente em Cuba, onde
escreveu o livro “O Velho e o Mar” que lhe valeu, em 1953, o Prémio Pulitzer e,
em 1954, o Prémio Nobel da Literatura.
Fig.1- Ernest Miller Hemingway. Fonte: https://www.comunidadeculturaearte.com/vida-e-obra-de-ernest-hemingway-um-dos-maiores-vultos-da-literatura-norte-americana/
O Velho e o Mar é um
livro que retracta a história de Santiago, um velho pescador que vive na costa
cubana do Golfo do México. Desde que a sua mulher faleceu, vive sozinho e, como
a maioria dos pescadores, em condições miseráveis. A única pessoa que se
preocupa realmente com Santiago é Manolin, o seu fiel aprendiz. Manolin pesca
no barco do velho desde muito novo e admira-o enquanto pessoa e enquanto
pescador. Á cerca de 84 dias que Santiago não pescava um único peixe e por isso
os pais de Manolin proibiram o filho de voltar a pescar no barco do velho. No
dia seguinte, determinado a provar o seu valor, Santiago resolve navegar para o
mais longe possível da costa. Já em alto mar, Santiago apanha finalmente um
peixe. Era um peixe-espada gigantesco com o qual luta durante dois dias a fio.
Apesar de muito sofrimento quer físico quer psicológico, Santiago não desiste
em dos seus objectivos.
Finalmente,
o peixe morre de exaustão e Santiago prende-o ao barco com cordas para ser
levado em segurança para terra. Durante o seu regresso, o peixe é violentamente
atacado por tubarões até só restar a espinha. Santiago não tinha forças nem
utensílios para os afugentar da carcaça então limitou-se apenas a navegar em
direcção á costa. Assim que chega a terra, carrega, como é habitual depois da
pesca, o mastro do barco de volta a casa. Sente-se completamente destruído, no
entanto, não admite derrota. Pretende voltar a pescar assim que se sentir com
mais forças. No dia seguinte á sua chegada, é visto aos olhos de todos os
habitantes da aldeia com respeito e admiração, principalmente aos olhos do
pequeno Manolin. Apesar do velho ser mais humilde e parecer não se importar com
a opinião dos outros pescadores, orgulha-se muito das suas capacidades e lá no
fundo quer sentir o reconhecimento dos outros pescadores. Em alto mar, deseja
várias vezes que Manolin estivesse ali com ele, não só para o ajudar com o
peixe e para afastar a solidão, mas também para testemunhar a grande captura da
vida dele. A admiração de toda a vila perante aquele magnífico esqueleto atado
ao barco mostra que reconheceram esta derrota como uma conquista honesta
Fig.2- Capa do livro: O velho e o Mar. Fonte: https://www.wook.pt/livro/o-velho-e-o-mar-ernest-hemingway/15328356.
Este livro é um romance metafórico sobre força de vontade, persistência, tenacidade e
dedicação. Ao longo do livro são vários os exemplos que demonstram estas
capacidades humanas. Todas elas estão reflectidas numa única personagem, a
personagem principal- Santiago. Santiago apesar de nos passados 84 dias não ter
conseguido pescar nenhum peixe, continua a tentar a sua sorte. Desta vez decide
navegar o mais longe que conseguir e tentar a sua sorte. O mar aqui representa
o desconhecido, por onde Santiago se aventura para tentar provar a todos da
aldeia e a ele próprio, inclusive, do que ainda é capaz. Assim que chega a alto
mar, consegue apanhar um peixe megalómano que o arrasta para mais longe ainda.
Durante dois dias seguidos luta com persistência e dedicação contra o peixe até
o conseguir capturar. É muito ponderado nas decisões que toma e focado no seu
principal objectivo. Apesar de todas as adversidades, (da exaustão, da fome, da
sede e das dores corporais) Santiago não desiste. Agarra-se ao pensamento do
seu ídolo- Joe DiMaggio
(jogador de basebol americano) - e do seu fiel amigo, Manolin, para ganhar
forças e conseguir persistir. Assim que chega a terra, Santiago carrega com
muito esforço o mastro do barco até sua casa como Cristo carrega a cruz. Fez o
esforço tremendo para a trazer para casa para demostrar que, apesar do cansaço,
mantém os rituais de pesca, o que significa que ainda não desistiu de pescar apesar
da derrota daquele dia. Apesar de o velho considerar a carcaça do peixe como um
símbolo de derrota, esta passa a ser vista pela aldeia como seu grande troféu,
a maior captura da sua vida.
O livro
também aborda o tema da dor e sofrimento.
Como por exemplo, durante a captura o peixe corta as mãos, os braços, a cara e
as costas do pescador enquanto o tenta segurar. Ele sabe que o preço a pagar
para atingir o seu objectivo é a dor resultante das feridas dessa luta. Ao
longo de toda a sua vida, Santiago foi coleccionando cicatrizes fruto do seu trabalho
árduo. As cicatrizes são o símbolo de velhice e de sofrimento no entanto também
são sinal de força e de força de vontade. Ser pescador significa saber suportar
a dor. A sua capacidade de resistir á dor distingue Santiago de qualquer outro
pescador. Santiago consegue contra todas as probabilidades ter mais a força do
que alguém mais jovem, mais forte e provavelmente mais bem-sucedido. O tema da
dor e do sofrimento vai mais além do que o esperado, entende-se que o homem, ao
contrário dos animais irracionais consegue suportar a dor por períodos de tempo
mais longos.
O livro aqui apresentado pode ser
considerado um livro motivacional. A motivação é um desejo ou necessidade
que desencadeia atitudes e comportamentos numa determinada direcção para
atingir um objectivo. Ou seja é um o conjunto de forcas energéticas que partem
de dentro ou de fora do individuo. Estas forças alteram o comportamento de
trabalho, definindo a sua direcção, forma, duração e intensidade. A motivação é
cíclica, ou seja, um após um estímulo interno/externo é desencadeado um esforço
para satisfazer essa necessidade e altera-se o comportamento da pessoa (ciclo motivacional). As necessidades, segundo Maslow, podem ser
fisiológicas, compreensão, auto-estima; Auto motivação: auto confiança e auto eficácia;
pensamento positivo sobre o futuro; foco e objectivos claros; ambiente
motivador (pirâmide das necessidades
Maslow). No que toca á historia, Santiago tinha como necessidades intrínsecas: a realização pessoal, o progresso e a autonomia
e como necessidades extrínsecas: o
reconhecimento social e o alimento propriamente dito.
O tema da Auto-liderança (Self-leadership)
está muito bem retratado ao longo do romance. Segundo Manz e Sims Jr. (1991),
auto-liderança é o processo pelo qual um indivíduo passa para se
auto conhecer, procurar a sua identidade, descobrir o que é ou não capaz de
fazer, se está a caminhar na direcção certa… Com todo este auto-conhecimento
consegue adquirir auto-motivação necessária para agir de tal forma a atingir as
suas metas pessoais. No livro, o tema da auto-liderança está muito bem
explicito na parte em que Santiago luta com o peixe. Durante o tempo em passa
em alto-mar adquire autoconhecimento e auto-motivação que o levam a atingir o
seu principal objectivo-capturar o peixe-espada gigante.
A escolha
do livro deve-se ao facto de, desde criança, ter uma ligação bastante forte com
o mar. A minha licenciatura é em Ciências do Meio Aquático e queria com este livro, aliar, de certo modo, a minha paixão com alguns
dos conteúdos relacionados com o marketing. A leitura é bastante acessível e
rápida. Mergulhamos num mundo frio e duro e saímos dele a olhar para a vida de
outra maneira. Fez-me crescer enquanto pessoa e enquanto futura profissional.
REFERÊNCIAS
Hemingway,E.
(2015). O Velho e o Mar. Editora: Livros do Brasil.
·
https://www.planocritico.com/critica-o-velho-e-o-mar-de-ernest-hemingway/
· http://asmelhorespartes.blogspot.com/2012/07/o-velho-e-o-mar-ernest
hemingway.html?q=hemingway
·
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Hemingway
·
https://www.coursehero.com/lit/The-Old-Man-and-the-Sea/themes/
·
https://study.com/academy/lesson/setting-of-the-old-man-and-the-sea-description-importance.html
Benedita Portugal
Contacto: beneditaportugal@gmail.com
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